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💬 Leitura

Leia os textos abaixo.

“Como é estreita a porta, e apertado o caminho que leva à vida! São poucos os que a encontram.”

Mateus 7:14

“Nossa única esperança, se queremos vencer, é unir nossa vontade à vontade de Deus, e operar em cooperação com Ele hora a hora, dia a dia. Não nos é possível reter o eu, e não obstante entrar no reino de Deus. Se havemos de atingir um dia a santidade, será mediante a renúncia do próprio eu e a recepção da mente de Cristo.”

O Maior Discurso de Cristo, p. 99

Capítulo 6 - Não Julgar, mas Praticar

⬆️ Também é possível ouvir este texto no áudio acima.


Dia 44

O Maior Discurso de Cristo

Escrito por Ellen G. White

Capítulo 6 - Não Julgar, mas Praticar - Parte 5


"Estreita é a porta, e apertado, o caminho que leva à vida." Mat. 7:14.


Nos dias de Cristo, o povo da Palestina vivia em cidades muradas, situadas, na maioria dos casos, sobre colinas e montes. As portas, que se cerravam ao pôr-do-sol, eram alcançadas por meio de caminhos íngremes e pedregosos, e o caminhante que se dirigia para casa ao fim do dia, tinha muitas vezes de o percorrer em ansiosa pressa, galgando a penosa subida, a fim de chegar à porta antes do cair da noite. O retardatário ficava de fora.


O estreito e ascendente caminho que conduzira ao lar e ao descanso forneceu a Jesus uma impressiva imagem do caminho cristão. A vereda que vos tenho proposto, disse Ele, é estreita; a porta é de difícil entrada, pois a regra áurea exclui todo orgulho e interesse egoísta. Há, na verdade, uma estrada mais larga; mas seu fim é a destruição. Se quereis galgar o trilho da vida espiritual, deveis ascender continuamente; pois sua direção é para cima. Precisais marchar com os poucos; a multidão preferirá o caminho descendente.


Na estrada que conduz à morte pode caminhar a raça inteira, com todo o seu mundanismo, todo o seu egoísmo, orgulho, desonestidade e aviltamento moral. Há espaço para as opiniões e doutrinas de todo homem, margem para seguir suas inclinações, para fazer seja o que for que lhe ditar o amor-próprio. A fim de andar pela estrada que leva à destruição, não é necessário procurar o caminho, pois larga é a porta, e espaçoso o caminho, e os pés se volvem naturalmente para a estrada que termina na morte.


O caminho para a vida, porém, é apertado, e estreita é a porta. Se vos apegais a qualquer pecado que vos rodeia, achareis o caminho demasiado estreito para poderdes entrar. Vossos próprios caminhos, vossa própria vontade, vossos maus hábitos e práticas, devem ser abandonados, se quiserdes prosseguir no caminho do Senhor. Aquele que quer servir a Cristo não pode acompanhar as opiniões do mundo ou satisfazer-lhe as normas. A vereda do Céu é demasiado estreita para as riquezas e as posições nela desfilarem, demasiado estreita para a ostentação de egocêntricas ambições, íngreme e acidentada demais para ser escalada pelos amantes da comodidade. Labuta, paciência, sacrifício, dificuldade, pobreza, a contradição dos pecadores contra Si, eis a porção de Cristo, e o mesmo deve ser nosso quinhão se queremos entrar um dia no paraíso de Deus.


Todavia, não concluais que a vereda ascendente seja a penosa e a que vai em declive seja a cômoda. Por toda a estrada que conduz à morte há dores e penalidades, há aflições e desapontamentos, há advertências a não prosseguir avante. O amor de Deus tornou penoso os descuidosos e os obstinados se destruírem a si mesmos. Verdade é que a estrada de Satanás é arranjada de molde a parecer atraente, mas é tudo uma ilusão; há no caminho do mal cruéis remorsos e corrosivos cuidados. Podemos julgar aprazível seguir o orgulho e a ambição mundana; o fim disso, porém, é aflição e dor. Os planos egoístas talvez apresentem lisonjeiras perspectivas e acenem com a esperança de alegria; mas verificaremos que nossa felicidade é envenenada, e nossa vida amargurada pelas esperanças que se concentram no próprio eu. Na estrada descendente, talvez a entrada esteja adornada com flores, mas encontram-se espinhos no percurso. A luz da esperança que irradia à sua entrada, extingue-se nas trevas do desespero; e a alma que segue por esse caminho baixa às sombras de uma noite sem fim.


"O caminho dos prevaricadores é áspero" (Prov. 13:15), mas os da sabedoria "são caminhos de delícias, e todas as suas veredas, paz." Prov. 3:17. Todo ato de obediência a Cristo, todo ato de abnegação por amor dEle, toda prova devidamente suportada, toda vitória ganha sobre a tentação, é um passo dado na marcha para a glória da vitória final. Se tomamos a Cristo como nosso guia, Ele nos conduzirá a salvo. O maior dos pecadores não precisa errar seu caminho. Nenhum trêmulo pesquisador precisa deixar de andar na pura e santa luz. Embora seja o caminho tão estreito, tão santo que nele não se tolera pecado algum, foi todavia garantido acesso a todos, e nenhuma duvidosa e tremente alma necessita dizer: "Deus não cuida de mim."


A estrada pode ser áspera, e a subida escarpada; pode haver precipícios à direita e à esquerda; talvez tenhamos de suportar fadiga em nossa jornada; quando cansados, quando ansiando repouso, poderemos ter de labutar ainda; talvez tenhamos de combater quando já desfalecidos; quando desanimados, precisamos ter ainda esperança; mas, com Cristo como nosso guia, não deixaremos de alcançar o desejado porto afinal. O próprio Cristo trilhou o rude caminho antes de nós, e suavizou-o para os nossos pés.


E por todo o íngreme trilho que ascende em direção à vida eterna, encontram-se nascentes de alegria para refrigerar o cansado. Os que andam pelo caminho da sabedoria são, mesmo quando atribulados, eminentemente jubilosos; pois Aquele a quem sua alma ama caminha, invisível, ao seu lado. A cada passo ascendente, percebem, mais distintamente, o contato de Sua mão; a cada passo mais raios de glória vindos do Invisível lhes incidem na estrada; e seus hinos de louvor, alcançando sempre mais elevada nota, elevam-se para unir-se aos cânticos dos anjos perante o trono.


"A vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito." Prov. 4:18.


"Porfiai por entrar pela porta estreita." Luc. 13:24.


O atrasado caminhante, apressando-se para chegar à porta da cidade ao pôr-do-sol, não se podia desviar por qualquer atração no caminho. Todo o seu pensamento se concentrava no único desígnio - entrar pela porta. A mesma intensidade de propósito, disse Jesus, exige-se na vida cristã. Tenho desvendado perante vós a glória do caráter, que é a verdadeira glória do Meu reino. Ela não vos oferece nenhuma perspectiva de domínio terrestre; é, todavia, merecedora de vosso supremo desejo e esforço. Não vos chamo a combater pela supremacia do grande império do mundo, mas não deveis concluir daí que não haja batalha a ser travada, nem vitória a ganhar. Peço-vos que vos esforceis, que vos angustieis por entrar em Meu reino espiritual.


A vida cristã é uma batalha e uma marcha. Mas a vitória a ser ganha não é obtida por força humana. O campo de luta é o domínio do coração. A batalha que temos a ferir - a maior de quantas já foram travadas pelo homem - é a entrega do próprio eu à vontade de Deus, a sujeição do coração à soberania do amor. A velha natureza, nascida do sangue e da vontade da carne, não pode herdar o reino de Deus. As tendências hereditárias, os hábitos antigos, devem ser renunciados.


Aquele que determina entrar no reino espiritual, verificará que todas as forças e paixões de uma natureza não regenerada, fortalecidas pelos poderes das trevas, acham-se arregimentadas contra ele. O egoísmo e o orgulho tomarão posição contra tudo que os aponte como pecado. Não podemos, de nós mesmos, vencer os maus desejos e hábitos que lutam pela predominância. Não nos é possível dominar o poderoso inimigo que nos mantém em escravidão. Unicamente Deus nos pode dar a vitória. Ele deseja que tenhamos o domínio de nós mesmos, de nossa vontade e de nossos caminhos. Ele não pode, todavia, operar em nós contra o nosso consentimento e cooperação. O Espírito divino opera mediante as faculdades e poderes conferidos ao homem. Nossas energias são requeridas para cooperar com Deus.


A vitória não é ganha sem muita e fervorosa oração, sem a humilhação do próprio eu a cada passo. Nossa vontade não deve ser forçada a cooperar com os agentes celestes, mas voluntariamente sujeitada. Se fosse possível forçar sobre vós, com centuplicada intensidade, a influência do Espírito de Deus, isto não vos tornaria um cristão, um súdito apto para o Céu. A fortaleza de Satanás não seria abatida. A vontade deve ser colocada ao lado da vontade de Deus. Não sois capazes, por vós mesmos, de sujeitar vossos desígnios, desejos e inclinações à vontade de Deus; mas se permitires, Deus efetuará a obra por vós, destruindo até "os conselhos e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo". II Cor. 10:5. Haveis de então operar "vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a Sua boa vontade". Filip. 2:12 e 13.


Muitos que ainda recuam em face das condições indispensáveis a que as venham a possuir são atraídos pela beleza de Cristo e a glória do Céu. Há no caminho largo muitos que não se acham plenamente satisfeitos com a estrada que vão palmilhando. Anseiam romper com a escravidão do pecado, e em sua própria força, põem-se em guarda contra seus maus hábitos. Olham para o caminho apertado e a porta estreita; mas o prazer egoísta, o amor do mundo, o orgulho, as ambições profanas, colocam uma barreira entre eles e o Salvador. Renunciar a sua própria vontade, suas escolhas, seus empreendimentos, exige um sacrifício diante do qual hesitam, vacilam e tornam atrás. Muitos "procurarão entrar e não poderão". Luc. 13:24. Desejam o bem, fazem algum esforço para obtê-lo; não o escolhem, porém; não têm um determinado propósito de o alcançar seja qual for o custo.


Nossa única esperança, se queremos vencer, é unir nossa vontade à vontade de Deus, e operar em cooperação com Ele hora a hora, dia a dia. Não nos é possível reter o eu, e não obstante entrar no reino de Deus. Se havemos de atingir um dia a santidade, será mediante a renúncia do próprio eu e a recepção da mente de Cristo. O orgulho e a suficiência própria devem ser crucificados. Estamos nós dispostos a pagar o preço que nos é exigido? Estamos dispostos a pôr nossa vontade em perfeita conformidade com a vontade de Deus? Até que estejamos prontos a fazê-lo, não pode a transformadora graça de Deus manifestar-se em nós.


A luta que nos cumpre travar, é o "bom combate da fé". (II Tim. 4:7.)


"Também trabalho", disse o apóstolo Paulo, "combatendo segundo a Sua eficácia, que opera em mim poderosamente." Col. 1:29.


Na grande crise de sua vida, Jacó retirou-se para orar. Estava cheio de um dominante propósito - buscar a transformação de caráter. Mas, enquanto pleiteava com Deus, um inimigo, segundo supunha, colocou-lhe a mão em cima, e durante a noite toda ele lutou em defesa da própria vida. O propósito de sua alma, no entanto, não se alterou mesmo pelo perigo da vida. Quase esgotadas suas forças, o Anjo manifestou Seu divino poder e, a um toque Seu, Jacó reconheceu com quem estava lutando. Ferido e impotente, caiu ao peito do Salvador, rogando uma bênção. Não se desviaria nem deixaria de interceder, e Cristo assegurou a petição desta impotente e arrependida alma, segundo a Sua promessa: "Que se apodere da Minha força e faça paz comigo; sim, que faça paz comigo." Isa. 27:5. Jacó insistiu com um espírito determinado: "Não Te deixarei ir, se me não abençoares." Gên. 32:26. Esse espírito de persistência foi inspirado por Aquele que lutou com o patriarca. Foi Ele que lhe deu a vitória, e mudou-lhe o nome de Jacó, para Israel, dizendo: "Como príncipe, lutaste com Deus e com os homens e prevaleceste." Gên. 32:28. Aquilo pelo que Jacó, em vão, lutara em sua própria força, foi ganho pela entrega de si mesmo e uma firme fé. "Esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé." I João 5:4.


O Maior Discurso de Cristo, páginas 95, 96, 97, 98 e 99.

Ação do Dia

Ore a Deus nesse dia buscando a perfeita vontade Dele em sua vida e coloque o desejo de Deus em primeiro lugar.